Ressignificando a morte...
- Elessandra Ferreira
- 8 de fev. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de mar. de 2021

Minha melhor parte morreu. Mas, o que é a morte? Morrer é o fim do que? Fim de que? Morte é onde tudo acaba. Toques, cheiros, olhares, abraços, carinhos... Mas, também a dor, sofrimentos e o insuportável. A morte pode ser o alívio para aquilo que a vida já não pode mais nos proporcionar. A morte nos traz vazio, solidão e muita incompreensão... A morte separou-me do meu maior amor, o Eugênio. Ela me deixou muito só. Tirou de mim a base que me sustentava, minha alegria e o meu florescer. Mas, ela não conseguiu me tirar tudo, não é tão poderosa. O que realmente foi construído, aquilo que foi bem solidificado, ela não teve a capacidade de matar. Dentro de mim existe um mundo só meu que, poucos podem acessar e, aqueles que o acessam, não o faz de forma integral, muito menos de forma fiel. Existe muito mais que “eu” dentro de mim, há uma infinitude que eu mesma desconheço. A morte é feia e solitária, mas também muito impotente. Não foi capaz de me esvaziar. Fiquei totalmente repleta daquilo que ela me “levou”, estou completamente revestida do meu maior amor. A morte não é o fim! Ela não é tão poderosa! Não dou a ela esse poder! Tudo aquilo que ela “imagina” que me “tirou”, hoje, é muito mais meu que antes. Muito bem dito pelo Padre Fábio de Mello “Aqueles que vão, sempre esquecem alguma coisa naqueles que ficam”. Meu maior amorzinho teve um tempo curtinho demais comigo aqui neste mundo. Pude viver a melhor parte da minha vida com ele durante treze anos e oito meses, que foi a idade com que ele partiu e me deixou sozinha. Foi e é imensamente difícil viver sem ele, mas, decidi ser feliz pelo tempo que me foi permitido estar com ele, pelas alegrias vividas com ele, e não passar o resto da minha vida lamentando o que não pude ter nem viver com ele. Então eu descobri que ser mãe também é se desapegar quando necessário, é entender que o amor vai além do infinito e que nem a morte o extermina.
(Elessandra Cristina Reis Ferreira)



Comentários